segunda-feira, 23 de maio de 2011

Essência


Todas as vezes que eu tento escrever não tendo nada a dizer o que sai é o que vem de dentro. É uma escrita automática, é não pensar digitando, é simplesmente o que estou sentindo, nada mais. Nesses momentos sou simplesmente eu, minha essência que grita, meu suspiro escondido, o meu choro engolido.

Chorar é meu descanso sincero, é o grito do meu coração, e tudo o que vem dele sempre vem repleto de intensidade e ingênuas emoções, repleto de angústias irracionais.

Toda criança é só coração, e todo coração nos faz crianças. Apenas quando estamos dispostos a abandonar nosso cérebro, nossa razão, nos tornamos puros. A pureza em meu coração nunca irá abandoná-lo, mas a minha mente pode sufoca-lo, tortura-lo e silenciá-lo.

Então passei a deixar meu coração falar, gritar, se esgoelar, fazer o que estiver a seu alcance para que seja ouvido. Deixei meu sentimento fluir, até que o meu amor possa ousar dizer seu nome.

Resolvi deixar meu coração ser maior que o meu ser, e que a minha felicidade, a partir de hoje, tome todas as decisões. Quero ser eu mesma de dentro para fora, e quanto mais interno, mais sincero; e o que se escondia já está emergindo, timidamente.

A partir de hoje me comprometo a jamais deixar aquelas ideias pré-concebidas tomarem voz, elas é que sempre foram a pior parte de mim. O que eu quero ser agora é minha essência que grita (fora do papel). Quero minha alma infantil de volta, pois essa foi a única que me encorajou a ser simplesmente quem sou, sem nenhum “porém”. Sem me castrar, me sufocar, me denegrir, me corrigir, me deturpar, me esconder, sentir vergonha de mim. Hoje, pela primeira vez em muitos anos, quero voltar a ser criança e poder mostrar ao mundo inteiro o que realmente me faz feliz.






O amor que não ousa dizer seu nome - Oscar Wilde

Bateu-lhe à porta, ao acaso, um dia.

E ele, inebriado pela cotovia

(que paira à janela, mas depois some...),

Sentiu crescer, súbito, na alma, u'a fome

De algo que, até então, desconhecia.

Desejo... estranheza... culpa... agonia...!

Desce aos umbrais, na angústia que o consome!

... porém, depois das lágrimas enxutas,

Chamou a cotovia, deu-lhe frutas,

E sorveram, um no outro, a própria essência.

E ambos, nessa atração de semelhantes,

Num cingir de músculos, os amantes

Ergueram-se aos portais da transcendência.

sábado, 14 de maio de 2011

"Sim, eu te quero"


Eu não queria, mas eu te quero.

Ah, como eu quero!

Não entendeu o meu olhar?

Então deixa eu traduzir:

“Sim, eu te quero”, é o que ele diz.

Eu não queria te querer assim, mas quero.

Fazer o que? Tanta coisa.

Eu não quero, não quero, não quero, mas te quero.

Não sei o teu nome,

nem sei o que te dizer assim de cara.

Tudo o que posso dizer é que te quero.

E se você também quiser, faça um sinal.

Se você também me quer diga, “sim, eu te quero”.

E se você também quer, o que estamos esperando?

Eu odeio perder tempo.