Eu sou cada texto que li, cada palavra que aprendi, cada gesto que imitei. Eu sou tudo a minha volta, sou todos com quem convivo ou convivi, sou uma junção de tudo o que existe. Existe algo de mim em mim? Não sei.
A essa altura da minha vida, no ponto em que cheguei, não sei mais distinguir o que é meu do que não é, o biológico do absorvido, o aprendido do inventado.
Não fui eu quem formou minha identidade e sim cada pessoa que passou pela minha vida, cada uma delas depositou em mim um pedaço de si; o que fiz foi misturar tudo, todos aqueles resquícios de identidade e formar uma própria, que passei a chamar de minha.
O que mais quero no momento, é saber ao certo o que me foi dado, separar o sal do açúcar, a água do álcool. Preciso muito saber o que seria de mim se alguma daquelas pessoas não tivesse passado pela minha vida, se não tivesse deixado uma parte de si, ou ainda, se ao invés dessa pessoa houvesse outra, totalmente diferente.
O que eu seria se não fosse o que sou agora, será que ao menos seria alguém? Será que ao menos escreveria sobre tais indagações? Se for uma junção de tudo e todos, será que existo? Posso não passar de “alguéns”, e nesse caso, não sei bem o que pensar, muito menos o que fazer.
Não me vejo mais em mim. Não encontro nada quando me busco. Meu reflexo já não é tão nítido. Minhas memórias já não são tão minhas. O que escrevo já foi escrito. O que falo já foi dito. Subtraem-se tudo e o que sobra? ... Não sei.
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